quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

BOLETIM 03 - DEZEMBRO 2010

ESPECIAL ELEIÇÕES DO CAMMA
Votar criticamente na Chapa 2 e lutar por uma pauta combativa e classista!

            O Movimento Hora de Lutar foi fundado há menos de 6 meses atrás, após a experiência de alguns estudantes com as eleições do DCE, na qual encaramos que nenhum dos setores hoje existentes na universidade foi capaz de pôr em foco o que consideramos central para o movimento estudantil: a aliança com os trabalhadores e trabalhadoras da universidade e da sociedade em geral. Desde lá vimos atuando nas reuniões do CAMMA e nas atividades do IFCS (assim como na Física, lá no CT), tendo recentemente participado do lançamento do Núcleo do IFCS de Apoio às Ocupações Urbanas, uma importante iniciativa que tem por objetivo promover a aliança entre estudantes e os setores mais explorados da classe trabalhadora brasileira.
            Devido ao nosso tamanho ainda reduzido, optamos por não montar uma chapa própria nessas eleições do CA. Porém, não nos furtamos de debater com os estudantes as nossas propostas, que levamos para as convenções das chapas 1 e 2. Infelizmente, nenhuma das duas abraçou o programa que achamos necessário ser defendido, assim, decidimos não integrar nenhuma delas. A seguir faremos uma breve análise de cada uma das chapas inscritas e divulgaremos os pontos centrais que achamos necessários serem defendidos pelo CA no próximo ano, pontos esses que nos comprometemos a levar à frente a partir da atuação nos GTs (grupos de Trabalho) e reuniões gerais do CAMMA.
            Se você compartilhar nossa visão de movimento estudantil e concordar com nossas propostas, fale com um de nossos membros ou acesse nossa lista de discussão online: horadelutar@yahoo.com.br.

A “Opção” de despolitizar
            Antes de falarmos das chapas 1 e 2, é necessário fazermos uma dura crítica a Chapa 3, “Opção”, criada meio que em cima da hora e que acabou por não convocar nenhuma reunião para discutir programa e etc.
            Logo no primeiro parágrafo, essa chapa defende uma concepção de movimento estudantil que achamos necessária ser combatida com todas as forças, ou seja, de que o movimento deve se fechar dentro dos muros da universidade e evitar debater “conjunturas político-sociais muito amplas”. Com uma universidade que recebe milhões em verbas todo ano, e com um Governo que destina apenas 5,1% do PIB para a educação, tendo cortado R$1,28 bilhão desse orçamento em junho, enquanto entregou de bandeja cerca de R$363 bilhões de nossos impostos quando da crise econômica, para salvar banqueiros e empresários da lama em que eles mesmos se enfiaram, é muita ingenuidade (ou descompromisso) encarar que é possível conquistar melhorias para a educação sem um movimento estudantil politizado, que debate a realidade nacional e internacional na qual vivemos.
            Apenas através de muita discussão e formulação seremos capazes de armar os estudantes para o necessário confronto com reitorias e governos, por uma educação universal, realmente gratuita e de qualidade. Achamos que a Chapa 3 assume um postura extremamente perigosa ao beber na fonte da desmobilização pela qual passa o movimento estudantil e levantar como proposta central aprofundar sua atual despolitização (o que sem dúvida encontrará muitos adeptos entre aqueles estudantes preocupados apenas com o próprio umbigo). Por isso, rechaçamos o projeto de tal chapa, que apesar de levantar algumas demandas justas, como mais incentivos à pesquisa e não dissociação do bacharelado e da licenciatura, aponta para uma perspectiva perigosamente despolitizada, que só poderá levar à derrota dos estudantes, justamente em um momento em que estes precisam se opor à precarização da educação e a superexploração da mão de obra jovem.

Chapa 2, um convite vazio à unidade e diversos outros problemas
            Ao participarmos da convenção da Chapa 2, “A História Não Pára”, pudemos perceber que esta conta com gente nova e disposta a lutar por propostas avançadas. Ao levantarmos a questão da necessidade de aliança entre estudantes e trabalhadores terceirizados da universidade (que possuem condições extremamente precárias de trabalho, recebem salários irrisórios e correm risco de demissão imediata caso se levantem e questionem tal situação), recebemos o apoio de diversos companheiros. Apesar disso, a palavra “trabalhador” não aparece sequer uma vez em todo o panfleto (bem grandinho, aliás) dessa chapa. Para nós, qualquer projeto transformador que o movimento estudantil levante e que não esteja aliado aos interesses e necessidades da classe trabalhadora, estará fadado ao fracasso. E isso é bem simples de perceber: a maioria de nós ou já trabalha para poder sustentar seus estudos, ou terá que correr atrás de um emprego tão logo se forme. Assim, já enfrentamos ou logo, logo, enfrentaremos os problemas comuns a todos os trabalhadores de nossa sociedade: os baixos salários, as precárias condições de trabalho, a falta de direitos e, acima de tudo, a exploração pelos patrões, que roubam o fruto de nosso sangue e suor para desfrutar de uma vida luxuosa, enquanto a maioria dos trabalhadores, não por acaso negros, sofrem diariamente com a opressão, a violência e a falta de recursos. Assim, deixamos aqui a estes companheiros um questionamento: será que a necessária aliança operário-estudantil não entrou no panfleto e passagens de turma da chapa por um “ato falho” ou por que é um discurso mais difícil de ser apresentado (e aceito) ao conjunto de estudantes?
            Porém, os erros da Chapa 2 não param por aí. Logo de cara, os companheiros lançaram um chamado à unidade para as eleições. Acreditamos ser mais do que necessária a unidade entre todos os setores combativos do movimento estudantil, porém essa unidade deve ser dar é nas lutas do dia a dia, não na hora de clarificar as diferenças programáticas e disputar a consciência do conjunto de estudantes. Achamos necessários que grupos com concepções diferentes tenham total independência política, que nunca deixem de falar o que deve ser dito para compensarem sua pouca visibilidade entrando em alianças oportunistas com grupos maiores. E o oportunismo por trás desse chamado fica claro quando, no panfleto lançado pelos companheiros, não é apresentada nenhuma base programática para a formação de uma chapa unificada! Mais do que isso... qual a necessidade de criar um “blocão” nas eleições, quando a distribuição de cargos é baseada na proporcionalidade e quando o CA funciona por “voz, voto e ação”, tendo todos os mesmos direitos e peso de voto, independente de serem Coordenadores ou não?
            Por último, outro grave erro cometido pela Chapa 2 é a defesa de ruptura com a UNE, entidade de massas dos estudantes brasileiros. Concordamos que esta entidade sofre graves problemas, estando sua direção majoritária a serviço do governo e das reitorias, sendo sua estrutura burocratizada e seus fóruns pouco frequentes. Porém, achamos uma grave erro igualar a entidade e os milhares estudantes que dela fazem parta à sua direção majoritária e um erro ainda maior rachar o movimento estudantil criando outras entidades, como a ANEL. Acreditamos que o setor combativo do movimento estudantil deve enfrentar a direção majoritária da UNE (a UJS, ligada ao PCdoB), e fazer a devida disputa pela consciência dos estudantes atualmente sob sua influência, e não, como os companheiros da Chapa 2 defendem, virar as costas a esses estudantes e se isolar em um minúsculo gueto. E tal isolamento não ocorre só a nível da superestrutura do movimento estudantil. Ao longo dessa gestão do CAMMA, os companheiros que constroem a ANEL, influenciados pelos militantes do PSTU, se isolaram em reuniões paralelas e muitas vezes não se esforçaram nem um pouco para levar à frente iniciativas de outros grupos, como ocorreu no caso do Ato Almoção e do lançamento do Núcleo de Apoio às Ocupações.

Chapa 1, alguns acertos e consideráveis omissões
            Já os setores que compõem a Chapa 1, “Agora Só Falta Você”, apresentaram alguns acertos importantíssimos em suas propostas, como a preocupação com os estudantes do noturno, exigindo o funcionamento dos serviços do IFCS até que este feche e, principalmente, a perspectiva de construção de um movimento estudantil que extrapole os muros da universidade e o questionamento da situação dos trabalhadores terceirizados, exigindo o fim das terceirizações e melhores condições de trabalho.
            Entretanto, algumas omissões ocorreram. Essa chapa, construída por setores que reivindicam a UNE (o movimento Nós Não Vamos Pagar Nada), nada falou ou debateu sobre essa entidade, em um momento em que devemos não só combater sua direção majoritária, como também o projeto diversionista apresentado pela Chapa 2. Enquanto não trouxermos à tona esse debate, viveremos uma polarização ridícula de “qual entidade é a melhor”, que não coloca em cheque o mais importante: como disputar a consciência dos estudantes hoje sob influência dos projetos precarizantes do governo. Além disso, a questão da aliança operário-estudantil não recebeu o foco que achamos necessário. Não se defendeu, por exemplo, que os funcionários possam utilizar os serviços da universidade, como o bandejão pelo qual tanto lutamos. Não se defendeu também que os funcionários terceirizados sejam integrados ao corpo de funcionários efetivos da universidade, sem concurso público e desfrutando de iguais direitos, o que melhoraria drasticamente sua situação.
            Apesar desses erros, encaramos que esta chapa está no caminho certo, levantando as questões centrais, mesmo que não dando a elas as respostas mais corretas. Além disso, os setores que a constroem tem o enorme mérito de terem reerguido o CAMMA, cujas reuniões têm estado consideravelmente mais cheias e já tem sido capaz de tocar algumas atividades de peso (enquanto que a gestão de 2009, encabeçada pelos militantes do PSTU, foi extremamente esvaziada e desmobilizada).
            Por isso, chamamos os estudantes a votarem criticamente nessa chapa, por apoiarem a perspectiva de um movimento estudantil aliado aos trabalhadores e se esforçarem por manter o CA cheio e mobilizado contra os ataques da reitoria e do Departamento, como a proposta de separação do bacharelado da licenciatura e a proposta oculta por trás da criação do IH, de transferir nosso curso para o Fundão e integrá-lo ao projeto do REUNI, de “bacharelados interdisciplinares” que serão o verdadeiro escolão do 3º grau.

            Ao chamarmos os estudantes a votarem criticamente queremos demonstrar que reconhecemos os pontos avançados de tal chapa, porém vemos necessidade de ir além. Assim, para além das eleições, nós do Movimento Hora de Lutar nos comprometemos em levar à frente uma série de propostas que não foram devidamente contempladas por nenhuma das chapas inscritas. Esperamos contatar com você para tornar tais propostas realidade!

Por uma educação universal e gratuita, lutar:
- Pela construção de um bandejão no centro, aberto da manhã até a noite e servindo de graça estudantes e funcionários, principalmente os terceirizados;
- Por uma xérox custeada pela universidade, com a imediata integração dos trabalhadores super-explroados ao quadro de funcionários da UFRJ, com iguais direitos;
- Pelo Passe Livre universitário e redução das passagens de ônibus;
- Pela construção de um Alojamento no Centro que atenda gratuitamente estudantes e terceirizados;
- Pelo fim do vestibular e ampliação da rede de ensino, com a estatização das universidades privadas e construção de novas públicas.

Por uma educação de qualidade, lutar:
- Pela reforma estrutural do IFCS, com a construção de novas salas nos espaços abandonados;
- Contra a separação entre bacharelado e licenciatura;
- Por uma reforma curricular om ampla participação dos estudantes e trabalhadores;
- Por um IH no Centro e com Congregação que possua igual número de professores, funcionários e estudantes.

Por um movimento estudantil que vá além dos muros da universidade, lutar:
- Pela aliança com os sindicatos da UFRJ contra os ataques do governo da reitoria;
- Pela integração imediata, sem concurso e com iguais direitos, dos funcionários terceirizados aos quadros efetivos da UFRJ;
- Contra a precarização da mão de obra negra e feminina, pelo fim das terceirizações;
- Pela integração ao Núcleo do IFCS de Apoio às Ocupações Urbanas;
- Pela reunificação do movimento estudantil em uma só entidade, radicalmente democrática.

A hora é de lutar, companheiros!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Movimento Hora de Lutar integra iniciativa classista

 Repostado do blog do Coletivo Lenin
 
O Movimento Hora de Lutar, formado por militantes do Coletivo Lenin e independentes, está participando de uma importante iniciativa no IFCS/UFRJ: a criação de um comitê estudantil de apoio ao movimento sem-teto, o Núcleo do IFCS de Apoio às Ocupações Urbanas.

Mais uma vez tal movimento mostra o caminho e levanta a necessidade de um movimento estudantil que esteja em aliança com a luta dos trabalhadores e que extrapole os muros das universidades.

Segue o cartaz de dibulgação do lançamento de tal comitê:

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

ENEM vaza novamente



Repostado do blog do Coletivo Lenin

Assim como ocorreu no ano passado, o novo ENEM vazou e já está causando muita conturbação na vida de estudantes do país inteiro que passaram os últimos meses dedicando-se duramente para ingressarem em alguma universidade. O novo sitema, alardeado pelo Governo e seus apoiadores como o "fim do vestibular" tem mostrado suas diversas falhas de segurança, alicerçadas em instituições podres do Estado dos patrões, encabeçadas por funcionários que recebem salários altíssimos e diversas regalias, vendo suas funções públicas enquanto um verdadeiro emprego privilegiado e fazendo de tudo possível para nele se manter.

Como resposta à essa verdadeira esculhambação da educação, diversos protestos começam a ser preparados em algumas capitais, como um já convocado para o Rio de Janeiro no próximo dia 12 (sexta-feira). Da mesma forma, começam a brotar novos movimentos, como no ano passado ocorreu com a NOVE (Nova Organização Voluntária Estudantil ), fundada em escolas privadas da Zona Sul do Rio, conseguindo assim alguma visibilidade que a garantiu certo crescimento durante certo tempo (um verdadeiro "5 minutos de fama").

Antes de criticarmos a velha NOVE, hoje reduzida a pouquíssimos ativitas, e novos movimentos como o MOVA-SE (Movimento dos Vestibulandos Ativistas Sem Enem - surgido a partir da iniciativa de estudantes do 3º ano do Colégio Notre Dame, localizado no bairro nobre de Ipanema), cabe aqui buscarmos entender os fatores que levaram às suas fundações, estes, completamente justificáveis, diga-se de passagem.

Em primeiro lugar, o impulso para o surgimento de NOVEs e MOVA-SEs se dá pela zona que é o ENEM, prova que tem sido incapaz de prover um exeme bem planejado e seguro, e que foi adotada pela maioria esmagadora das universidades públicas como parte do vestibular (o que só faz ampliar os problemas já existentes do ENEM e torná-lo ainda mais frágil).

Em segundo lugar, a necessidade de um "novo" movimento surge da inação da UNE e da UBES, entidades de massas dos estudantes brasileiros que, devido às suas direções burocráticas encabeçadas majoritariamente pela juventude do PCdoB, a UJS, não mobilizam os estudantes à sério desde o início do Governo Lula, pois não querem "queimar" seu principal aliado, o PT.

Tendo colocado na mesa o problema, cabe agora analisarmos as respostas a eles dados pelos estudantes que têm se mobilizado em torno da questão do ENEM.

Quanto à questão da prova, alguns defendem seu fortalecimento (ou seja, melhor segurança, organização e etc.), como a NOVE, e outros defendem sua substituição pelo "vestibular clássico", como o novo MOVA-SE, que também ganhou notoriedade nos grandes meios de comunicação, devido à facilidade de arregimentar apoiadores em redes sociais eletrônicas, como Orkut, Twitter e etc.

Aconte que nem um nem outro questiona o essencial: a existência do vestibular. O vestibular cumpre o papel de ser um enorme e apertado funil social, que garante o acesso às universidades apenas aos filhos da classe média e da burguesia, mantendo assim o status quo de uma sociedade desigual e elitista. E não é por acaso que nossos "companheiros", todos (ou a expressiva maioria), moradores da Zona Sul e estudantes de escolas privadas, não estejam preocupados com o fato da juventude negra e pobre não ter as mínimas condições de ingressarem na universidade, não levantado assim o verdadeiro problema e propondo sua devida solução: a extinção do vestibular e a ampliação da rede de universidades públicas (através tanto da estatização das privadas sobre controle de comitês formados por alunos, professores e funcionários, quanto da construção de novas públicas e o investimento maciço na manutenção das já existentes - e sucatedas). Apenas dessa forma, e garantindo-se a criação de um Plano Nacional de Assistência Estudantil (capaz de prover alimentação, moradia e transporte de qualidade e gratuíto para os estudantes) é que poderemos ter uma universidade de fato PÚBLICA.

Já quanto à questão da UNE/UBES, defendemos que os companheiros não virem às costas aos milhões de estudantes que as têm como referência de luta e atuação e que disputem em seus fóruns a consciência deles, denunciando o papel burocrático e desmobilizador da UJS e seus aliados, que se resumem a criticar timidamente o Governo e sempre apoiar seus projetos, por piores que sejam (como o REUNI, que cria vagas sem garantir mais verbas, criando assim um "escolão do 3º grau). Fazemos esse chamado também aos companheiros que se referenciam na pequena e recente ANEL. Estes últimos, principalmente, devem tirar as devidas lições do fracasso que foi a tentativa de criação de uma nova entidade, ocorrida em 2005 com a fundação da CONLUTE (encabeçada pelo PSTU, como ocorreu com a ANEL): se vocês descordam dos projetos do governo, então não se isolem do grosso dos estudantes criando novas entidades! Ao invés disso, ocupem os fóruns de massas da UNE e da UBES e disputem a consciência daqueles iludidos com os projetos do Governo, combatam suas direções burocráticas e juntem-se a nós na luta pela volta de tais entidades à sua histórica combatividade!

Movimento Hora de Lutar (Coletivo Lenin e independentes)
Participe: horadelutarufrj@googlegroups.com

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

BOLETIM 02 - NOVEMBRO 2010

Queremos uma educação universal, gratuita e de qualidade!
Nós estudantes de História enfrentamos diversos problemas que são comuns à juventude universitária de todo o país. É necessário um gasto enorme com livros e, principalmente xérox, que pesam muito no bolso ao final do mês. Somado a esses gastos com materiais, agravados por uma biblioteca de acervo extremamente limitado, estão ainda os com transporte e alimentação, igualmente exorbitantes. Isso faz com que a grande maioria precise encontrar um emprego para pagar seus estudos, ou se submeter a estágios mal remunerados que raramente auxiliam no processo de aprendizagem. É claro como o dia que a educação não é gratuita como deveria, muito menos pública, uma vez que apenas aqueles com condições de pagar seus estudos conseguem se formar. Para piorar, o vestibular cumpre logo de cara o papel de excluir da universidade uma grande maioria, coisa que o Novo ENEM ou o REUNI não chegam nem perto de alterar. Assim, entra na universidade apenas uma minoria privilegiada, capaz de ter estudos de qualidade durante o ensino médio e fundamental, e nela permanecem apenas os que têm condições de cobrir os enormes gastos, tendo muitas vezes que prejudicar sua formação ao ingressar no mercado de trabalho.
Devemos lutar com todas as nossas forças para alterar esse quadro extremamente elitista e excludente de nossa universidade, lutando pelo fim do vestibular, pela construção de bandejões e alojamentos (todos gratuitos, e abertos o dia inteiro), pelo passe livre universitário e por uma xérox subsidiada pela própria universidade, capaz de fornecer materiais gratuitamente. A essa luta ainda se soma a necessidade de uma biblioteca maior, com acervo renovado e mais funcionários, além de um projeto de expansão com qualidade (justamente o oposto do que é o REUNI e seu projeto de expansão através da precarização – sentido na pele por nós estudantes de História com a “nova” do Governo Lula e da Reitoria: a separação do bacharelado da licenciatura e a falta de verbas para o IFCS, que contrariou o REItor optando por não ir para o Fundão).
            Todas essas questões devem ser constantemente levantadas pelo nosso Centro Acadêmico, através de seu jornal e da construção de debates, seminários, atos e mobilizações. Apenas quando todo o corpo estudantil estiver atento para os problemas e convencido a lutar por suas devidas soluções é que poderemos avançar na luta por uma educação universal, gratuita e de qualidade, capaz de atender aos filhos da classe trabalhadora e a maioria da nossa sociedade, os negros, hoje brutalmente excluídos da universidade e não só marginalizados nas favelas, vivendo sob constante repressão policial, como também sofrendo com a superexploração de sua mão de obra.

O CAMMA precisa de um projeto de aliança com os trabalhadores!
A luta por uma educação decente e que atenda a toda a população não pode em momento algum se desvincular das lutas da classe trabalhadora, que produz com seu sangue e suor as riquezas de nosso país, apropriadas por uma minoria de exploradores. A necessidade de aliança com os trabalhadores se torna mais clara ainda se considerarmos que a maioria dos universitários ou já trabalha para pagar seus estudos, ou necessitará disputar por um posto no mercado de trabalho tão logo se forme. Ou seja, desde já os estudantes sofrem dos mesmos problemas que os trabalhadores.
Por isso é central que o CAMMA tenha sempre como perspectiva a aliança com os trabalhadores e o apoio às suas lutas. Apenas através da destruição dos grilhões que hoje prendem a classe trabalhadora é é que poderemos ter uma educação universal, gratuita e de qualidade, a partir de um maciço investimento feito com o dinheiro que hoje vai parar nos cofres dos patrões.
            Portanto, o CAMMA deve atuar lado a lado com os sindicatos da UFRJ e integrar as campanhas da CUT (a maior central operária do país) e da CONLUTAS (uma central alternativa, composta por aqueles que infelizmente optaram por rachar o movimento operário ao invés de disputar os milhões de trabalhadores organizados na CUT e sob influência dos projetos do governo). Baseados no mesmo princípio, de estarmos onde estão os trabalhadores, disputando suas posições e convencendo-os de um projeto transformador e socialista, devemos também estar nos fóruns da UNE e trazer tal entidade de volta para a luta, disputando a consciência dos milhares de estudantes hoje paralisados devido às traições da UJS e seus aliados, que compõem a direção majoritária e burocrática da UNE, desmobilizando os estudantes e permitindo que o governo os ataque.

Pela aliança com os terceirizados e sem-teto!
            Nesse sentido defendemos que os estudantes e ativistas de nosso curso lutem não só pelas bandeias de uma educação radicalmente melhor, baseados nas palavras de ordem acima expostas, como também implementem desde já uma aliança com os trabalhadores terceirizados do IFCS e os sem-teto do Centro do Rio de Janeiro.
            Os trabalhadores terceirizados são compostos pelos setores mais explorados de nossa sociedade, as mulheres e os negros. Qualquer projeto transformador que não leve em conta a aliança com tais setores não terá outro futuro que não o fracasso. Além disso, os terceirizados não podem se organizar sindicalmente nem lutar através de greves e mobilizações, pois a quase inexistência de direitos trabalhistas para tal setor os coloca em uma situação de risco de demissão caso resolvam lutar contra seus baixíssimos salários e suas precárias condições de trabalho. Assim, se torna ainda mais importante incluirmos suas demandas em nossas lutas. Devemos defender, por exemplo, que tais trabalhadores possam ter acesso aos bandejões universitários pelos quais tanto lutamos, podendo usá-los gratuitamente e em qualquer horário do dia. Devemos lutar também para sua incorporação ao quadro de funcionários efetivos da universidade, o que garantiria melhores condições de trabalho, direitos trabalhistas e melhores salários. E, obviamente, devemos sempre nos opor a utilização de mão de obra terceirizada. Assim, devemos lutar contra a precarização de mão de obra e por salários iguais entre trabalhadores homens e mulheres.
            Também ligado à necessidade central da aliança operário-estudantil, está a proposta de aliança com os sem-teto do Centro do Rio de Janeiro e o movimento popular em geral, composto por diversos prédios ocupados pela cidade e utilizados coletivamente por trabalhadores pobres, que não possuem condições de comprar uma casa própria nem pagar aluguel naqueles bairros próximos de onde trabalham, geralmente no Centro ou na Zona Sul.
            O Movimento Hora de Lutar, junto com a Rádio Pulga e o CACS, está lançando um Núcleo de Apoio  às Ocupações Urbanas, cujo um dos objetivos é divulgar para os estudantes do IFCS a situação dos sem-teto, sob constante ameaça de despejo pelos governos de Paes e Cabral, interessados na especulação imobiliária e que não poupam esforços para reprimir e atacar os ocupantes. E, mais importante do que divulgar, mobilizar os estudantes para auxiliarem a luta dos sem-teto por moradia e contra despejos.
            Fazemos um chamado aos companheiros do coletivo Não Vamos Pagar Nada, aos companheiros que se organizam na ANEL e a todos os demais estudantes do IFCS a integrarem tal comitê e se unirem aos sem-teto na sua luta mais do que justa por moradia.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

BOLETIM 01- AGOSTO 2010


POR UM NOVO MOVIMENTO NA UFRJ
Todos ao Movimento Hora de Lutar!

Uma avaliação das últimas eleições para o DCE

      Nas últimas eleições do DCE, nós do Coletivo Lenin chamamos voto crítico na Chapa 4 – Revida Minerva! Aqui, faremos uma avaliação do resultado e de como correram as eleições, como forma de apresentar nossa posição em relação às demais organizações estudantis e explicar o porque de vermos necessidade de criar um novo movimento estudantil na UFRJ. Em primeiro lugar é preciso deixar claro nosso ponto de vista. Somos comunistas. Isso significa que acreditamos que os problemas centrais dos estudantes e trabalhadores só serão resolvidos quando os trabalhadores estiverem na gestão da sociedade, ou seja, o socialismo. Por isso, o Coletivo Lenin faz questão de estar presente nos Centros Acadêmicos, nas eleições do DCE, nas campanhas por bandejões e assistência estudantil; para chamar atenção para a importância e ao mesmo tempo a insuficiência das lutas por melhorias dentro do capitalismo. Enquanto vivermos no capitalismo, as melhorias estarão constantemente ameaçadas e podem ser retiradas com a mesma rapidez com que são conseguidas, assim que os estudantes e trabalhadores se desmobilizarem.
      Portanto, encaramos que nossa maior tarefa é criar uma ferramenta de mobilização permanente dos trabalhadores, um Partido Revolucionário, que possa liderar a imensa maioria dos trabalhadores (que não tem essa clareza) para uma luta pelo poder contra os capitalistas. Na construção desse partido devem entrar os melhores elementos, aqueles com maior clareza sobre quais são as tarefas para combater o capitalismo. Assim, um pequeno grupo como o Coletivo Lenin deve recrutar as pessoas de consciência de classe mais avançada no movimento sindical, no movimento estudantil, no movimento de trabalhadores desempregados e até mesmo intelectuais revolucionários.
      É com essa perspectiva que intervimos na UFRJ. Nosso pequeno Coletivo ainda não tinha condições de criar uma chapa própria nessas eleições. Porém, não podemos ignorar um evento importante como as eleições e nos abstermos de disputar a consciência dos estudantes. Uma vez que não éramos capazes de fazer propaganda sobre nossos objetivos da melhor maneira, que era tendo uma chapa, chamamos voto crítico numa outra chapa que concorria nas eleições. O objetivo dessa tática de voto crítico é mostrar o que achamos de positivo numa chapa (a razão de chamarmos voto nela) e, ao mesmo tempo, ter a liberdade de apontar as suas falhas. Fazemos isso porque não achamos que montar uma chapa seja congregar grupos de amigos ou grupos políticos que tem alguns pontos em comum. Achamos que participar das eleições do DCE não deve ser um fim em si mesmo, com o objetivo de mandar na entidade. Nosso objetivo a curto prazo é construir um movimento estudantil capaz de reunir ativistas independentes que, assim como nós, entendam a importância de ligar as lutas estudantis às lutas dos trabalhadores e que façam propaganda diária entre os estudantes da necessidade de uma luta revolucionária na Universidade, que deve incluir oposição ao governo de Lula em aliança com os empresários, integração dos estudantes com os trabalhadores, luta pelo fim do funil racial e social que é o vestibular, defesa de demandas para as estudantes (como creches e bandejões gratuitos e de qualidade em todos os campi), etc.
      Vemos as eleições como uma oportunidade de fazer propaganda do programa revolucionário. Assim, temos clareza: não entraríamos numa chapa com um grupo com o qual tivéssemos divergências marcantes. Assim, achamos uma traição os atos daqueles que formam chapas que não tem a mínima coesão e dentro da qual cada um acha algo diferente sobre o mesmo assunto. Esse foi o caso da Chapa 2 – A UFRJ que Queremos. Parte da chapa (Movimento Nós Não Vamos Pagar Nada) considera que é preciso que o DCE esteja presente na União Nacional dos Estudantes e outra parte (que se organiza na ANEL – Assembléia Nacional dos Estudantes Livre), que era preciso romper com a entidade de massa dos estudantes brasileiros.
      Da mesma forma, não achamos que devemos diminuir nossas exigências e baixar o tom sobre aquilo que achamos fundamental que os estudantes reivindiquem, para assim conseguir ganhar mais votos. Muitos grupos, entretanto, esquecem seus objetivos para atrair aqueles que tem menor clareza sobre quais devem ser as bandeiras e os objetivos dos estudantes. Isso ocorreu, por exemplo, com a Chapa 3 – Correnteza: os membros do Movimento Correnteza tentaram a todo custo (sem sucesso) atrair o Coletivo Alojamento em Luta para dentro da chapa. Para isso, mudaram a sua demanda, que era o fim do vestibular, para passar a lutar apenas pelas cotas sociais e raciais, que são extremamente insuficientes para combater a exclusão elitista e racista da universidade. Por isso, o giro mais oportunista dessas eleições foi protagonizado pelo Movimento Correnteza. Na semana do protesto-almoção pelo bandejão do CT-CCMN, estavam dizendo ao estudantes que era fundamental lutar por bandejões gratuitos e de qualidade para todos e lutar pelo fim do vestibular. Duas semanas depois, nas eleições, faziam meramente a defesa das cotas e exigiam apenas o término das obras do atual bandejão. Um movimento só faz isso quando seu objetivo não é trazer os estudantes para uma luta integrada aos trabalhadores (uma luta que vai além do imediato), mas simplesmente ganhar a eleição, não pela superioridade de sua campanha e suas propostas, mas pela aglutinação de grupos heterogêneos.
      A razão de chamarmos voto crítico na Chapa 4 foi percebermos que ela foi a que congregou inúmeras demandas fundamentais para os estudantes da UFRJ, coisas pelas quais se comprometia a lutar caso fosse eleita, como por exemplo: a fundamental aliança entre os estudantes e trabalhadores da universidade; luta por bandejões gratuitos e abertos em tempo integral para todos os estudantes e trabalhadores; creches gratuitas e de qualidade para atender a todas as estudantes e trabalhadoras. Pudemos perceber, entretanto, que a maioria dessas demandas entrou na chapa por insistência de um dos grupos que a compunha, o Movimento A Plenos Pulmões, enquanto os demais grupos, o Coletivo Alojamento em Luta e o Movimento Quem Vem Com Tudo Não Cansa, tinha uma formulação muito semelhante àquela apresentada pela Chapa 2 (ou seja, cotas, nenhuma palavra sobre aliança operário-estudantil e nenhuma linha sobre bandejões gratuitos).
      Isso ficou claro no final da campanha, quando os membros do Movimento A Plenos Pulmões não puderam estar presentes e o restante da chapa lançou um panfleto de boca de urna que poderia ser facilmente confundido com um panfleto da Chapa 2, não fosse o número no alto. Ao mesmo tempo, não temos nenhuma espécie de pena dos membros do Movimento A Plenos Pulmões. Os companheiros tem experiência suficiente para saber que é isso que ocorre quando se forma uma chapa com grupos de pensamento diferente. Os grupo maiores passam a perna nos menores. Isso para não citar as “adaptações” que tais companheiros fizeram para manter a chapa unida. Por exemplo, se “esqueceram” que eles próprios defendem disputar as bases da UNE, a entidade de massa dos estudantes (combatendo o governo onde estão os estudantes influenciados pelo governo) e que de fato constróem a ANEL, e integraram uma chapa que agita o rompimento sectário com ambas entidades. O mesmo pode ser visto na sua defesa de que devemos lutar ao mesmo tempo “por cotas e pelo fim do vestibular”. Não somos neutros diante das cotas. Achamos que são uma melhoria extremamente paliativa e insuficiente. Por isso, apoiaríamos a sua implementação de maneira crítica, apontando a necessidade do fim do vestibular, que é o acesso de todos os filhos da classe trabalhadora (inclusive os setores negros mais explorados) à educação superior.
      Não podemos deixar de citar o papel vergonhoso da Chapa 5 – A UFRJ Pode, cujo objetivo por trás do bonito panfleto era abandonar completamente a luta política do movimento estudantil e tornar o DCE um espaço de confraternização alienada. Também falamos com receio sobre o crescimento da Chapa 1 – Um Novo Enredo. A Chapa 1 congrega os setores que apóiam o governo Lula entre os estudantes. O crescimento desses grupos, que controlaram o DCE até 2007, tem duas principais razões. O primeiro fator é objetivo: o ano eleitoral faz com que os defensores do governo se beneficiem da imensa pressão social que os estudantes sofrem para votar pela frente popular (governo de organizações operárias e estudantis em comunhão com os empresários) de Lula. Os trabalhadores e estudantes em geral fazem isso porque não vêem outra alternativa e temem, com razão, o retorno da direita. Isso leva diretamente ao outro fator: o subjetivo. Não existe nesse momento uma força política de esquerda que mostre que é possível algo mais e melhor que o governo Lula, que rompa as dúvidas e incertezas dos estudantes. Na UFRJ, o melhor exemplo disso é a atual gestão do DCE, novamente hegemonizada pela Chapa 2, que não oferece essa alternativa aos estudantes.
      Primeiro, porque a Chapa 2 defende basicamente as mesmas propostas que os apoiadores do governo Lula: cotas, mais verbas para educação e, na prática, que “estudante é estudante e trabalhador é trabalhador”. Por isso, sua “luta” contra os projetos do governo (Reuni, Prouni) fica no vazio. Faltam propostas alternativas ao Reuni e ao Prouni e fica até parecendo que a Chapa 2 é contra o aumento de vagas na Universidade brasileira (poderia dizer claramente “Fim do Vestibular – Acesso universal!”). Segundo, porque combate o governo apenas em fóruns menores como a ANEL, sem integrar a UFRJ à luta contra o governo onde estão os estudantes que acreditam no governo – na UNE. Assim, a gestão acaba se fechando dentro do próprio umbigo, sem trazer os estudantes para luta. Ao invés de estar nos fóruns mais amplos possíveis defendendo um programa realista e avançado para combater o governo, a gestão do DCE se encastela num fórum reduzido defendendo propostas que em muito pouco se diferenciam daquelas proferidas pelos que querem empurrar o governo Lula para a esquerda, ou seja, empurrar o governo Lula para melhorar as universidades para o benefício de estudantes e trabalhadores: algo que ele nunca fará! Será que é essa a esperança por trás das propostas da Chapa 2?
     
      Para nós as eleições não representam um momento específico na existência dos grupos citados, mas sim um momento em que suas posições e práticas vêm à tona para todos que desejem ver. E, como deixamos claro nossa posição extremamente crítica em relação aos mesmos, consideramos a necessidade imediata de começar a organizar na UFRJ um movimento que cumpra determinadas tarefas que, como afirmamos, nenhum grupo cumpre atualmente de forma consequente: presença tanto dentro dos fóruns estudantis da ANEL quanto, principalmente, nos da UNE; aliança operário-estudantil já!; lutar por bandejão para todos os trabalhadores da universidade e para todos os estudantes em tempo integral; lutar pelo fim do vestibular e o acesso universal à educação – se necessário, que os lucros das empresas e fortunas sejam arrancados para bancar a educação dos filhos dos trabalhadores até que todos possam ir à universidade; creches gratuitas e de qualidade nos campi para todas as trabalhadoras e estudantes; além de inúmeras outras necessidades essenciais. A hora é de lutar, companheiros!
      Fazemos, assim, um chamado a todos os militantes e demais ativistas independentes a se juntarem ao Coletivo Lenin na construção de uma nova ferramenta de luta dentro da UFRJ, uma realmente capaz de levar à frente a aliança operário-estudantil necessária para a transformação da sociedade em que vivemos.
      Vamos nos juntar nessa perspectiva de defesa revolucionária dos interesses dos estudantes! Todos ao Movimento Hora de Lutar!

CARTA DE PRINCÍPIOS DO MOVIMENTO HORA DE LUTAR

I) Nosso movimento tem como diretriz a aliança operário-estudantil. A maioria de nós estudantes nos tornaremos trabalhadores, ou já trabalhamos para pagar nossos estudos. Assim, sofreremos ou já sofremos dos mesmos problemas que a classe trabalhadora sofre atualmente. O próprio modelo de exploração de uma classe sobre a outra está presente no sistema de educação, que visa preparar desde cedo o estudante pra ser apenas mais um trabalhador disciplinado;

II) Somos contra qualquer meio ou medida que vise a super-exploração da juventude, como estágios mal-remunerados que não cumprem o papel de ensinar e como a exigência de um primeiro emprego, que tende a empurrar a juventude recém-formada para os cargos e categorias pior pagos do mercado;

III) Lutamos por uma educação realmente pública, o que compreende um plano de assistência estudantil que se estenda desde a alimentação, transporte, moradia e custeamento de materiais didáticos/paradidáticos até o lazer e a cultura do estudante, e permita que este não tenha que estudar e trabalhar ao mesmo tempo, o que prejudica sua formação acadêmica ou mesmo leva muitos a largar os estudos temporária ou permanentemente;

IV) Mas a educação só vai ser realmente pública com o livre acesso, portanto, lutamos pelo fim do vestibular. Também somos pela estatização das faculdades privadas sob controle dos trabalhadores e estudantes e pala ampliação com qualidade da rede de faculdades públicas;

V) Sobre as medidas afirmativas, enxergamos o caráter progressivo das mesmas, porém reconhecemos sua insuficiência e lhes damos apenas apoio crítico. Entendemos que a adoção de cotas, por exemplo, não soluciona o principal problema gerado pelo vestibular de tornar a faculdade um ambiente elitizado e racista;

VI) Combatemos toda e qualquer forma de opressão, como o machismo e o racismo, que servem apenas pra dividir e dificultar a organização dos estudantes e trabalhadores, além de serem ferramentas usadas pelas classes dominantes para nos explorar ainda mais;

VII) Não depositamos nenhuma confiança no Estado e seus braços armados, como a polícia e o exército, que no fundo estão apenas a serviço das classes dominantes. Também denunciamos o papel que as Forças Armadas cumprem em outros países, como o exército brasileiro no Haiti, que mantém a repressão aos trabalhadores negros para garantir a ordem das classes proprietárias haitianas e estrangeiras.

Carta de Princípios

CARTA DE PRINCÍPIOS DO MOVIMENTO HORA DE LUTAR

I) Nosso movimento tem como diretriz a aliança operário-estudantil. A maioria de nós estudantes nos tornaremos trabalhadores, ou já trabalhamos para pagar nossos estudos. Assim, sofreremos ou já sofremos dos mesmos problemas que a classe trabalhadora sofre atualmente. O próprio modelo de exploração de uma classe sobre a outra está presente no sistema de educação, que visa preparar desde cedo o estudante pra ser apenas mais um trabalhador disciplinado;
II) Somos contra qualquer meio ou medida que vise a super-exploração da juventude, como estágios mal-remunerados que não cumprem o papel de ensinar e como a exigência do "primeiro emprego", que e tende a empurrar a juventude recém-formada para os cargos e categorias pior pagos do mercado. Por isso, lutamos por salário igual por trabalho igual! A remuneração do primeiro emprego ou do estágio deve obrigatoriamente ser a mesma equivalente ao trabalho realizado em condições normais, nivelado pelo valor mais alto;
III) Lutamos por uma educação realmente pública, o que compreende um plano de assistência estudantil que se estenda desde a alimentação, transporte, moradia e custeamento de materiais didáticos/paradidáticos até o lazer e a cultura do estudante, e permita que este não tenha que estudar e trabalhar ao mesmo tempo, o que prejudica sua formação acadêmica ou mesmo leva muitos a largar os estudos temporária ou permanentemente;
IV) Mas a educação só vai ser realmente pública com o livre acesso. Portanto, lutamos pelo fim do vestibular. Defendemos a expansão da rede de faculdades públicas e a estatização das faculdades privadas, ambas sob controle dos trabalhadores e estudantes;
V) Sobre as medidas afirmativas, enxergamos o caráter progressivo das mesmas, porém reconhecemos sua insuficiência e lhes damos apenas apoio crítico. Entendemos que a adoção de cotas, por exemplo, não soluciona o principal problema gerado pelo vestibular de tornar a faculdade um ambiente elitizado e racista;
VI) Somos contra o atual modelo de gestão das universidades, que nas privadas garante que mandem os empresários e que nas públicas mandem os capachos dos governos estaduais e federal, deixando pouco ou nenhum espaço para a voz dos estudantes e trabalhadores. Somos por um modelo de gestão no qual os estudantes, trabalhadores e o restante da sociedade decidam os rumos das universidades. Esse modelo de gestão, radicalmente democrático, seria baseado na existência de conselhos formados proporcionalmente por estudantes, professores e funcionários, segundo o número de cada grupo dentro da universidade, e nos quais a sociedade também teria voz e voto, através da presença dos movimentos sociais;
VII) Combatemos toda e qualquer forma de opressão, como o machismo e o racismo, que servem apenas pra dividir e dificultar a organização dos estudantes e trabalhadores, além de serem ferramentas usadas pelas classes dominantes para nos explorar ainda mais, através de salários e condições de trabalho diferenciadas. Somos contra a terceirização da mão de obra, que visa super-explorar trabalhadores negros e mulheres, com baixos salários e quase nenhum direito trabalhista. Onde já exista essa forma de emprego de mão-de-obra precarizada, somos pelas imediata incorporação dos terceirizados ao quadro de funcionários da universidade, recebendo os mesmos salários e possuindo os mesmos direitos dos demais;
VIII) Não depositamos nenhuma confiança no Estado e seus braços armados, como a polícia e o exército, que no fundo estão apenas a serviço das classes dominantes. Também denunciamos o papel que as Forças Armadas cumprem em outros países, como o exército brasileiro no Haiti, que mantém a repressão aos trabalhadores negros para garantir a ordem das classes proprietárias haitianas e estrangeiras.